quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crônica de Luis Fernando Verissimo


De acordo com Rita Jover Faleiros a crônica pode ser considerada uma anedota, no sentido de despertar no autor - e nos leitores - uma reflexão ou transformação, utilizando-se ou não do humor. "As crônicas nos fazem pensar sobre a vida e sobre o mundo a partir de um pequeno evento cotidiano".

Observem a Crônica de Luis Fernando Verissimo, ilustrada por Santiago, e postem seus comentários. Não esqueçam de analisar as características da crônica que aprendemos em sala de aula.
Pechada 

O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de "Gaúcho". Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.

— Aí, Gaúcho!

— Fala, Gaúcho!

Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações?

— Mas o Gaúcho fala "tu"! — disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato.

— E fala certo — disse a professora. — Pode-se dizer "tu" e pode-se dizer "você". Os dois estão certos. Os dois são português.

O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.

Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.

— O pai atravessou a sinaleira e pechou.

— O que?

— O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.

A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.

— O que foi que ele disse, tia? — quis saber o gordo Jorge.

— Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.

— E o que é isso?

— Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.

— Nós vinha...

— Nós vínhamos.

— Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.

A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito.

"Sinaleira", obviamente, era sinal, semáforo. "Auto" era automóvel, carro. Mas "pechar" o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que "pechar" vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada. (Dialeto Gaúcho)
— Aí, Pechada!

— Fala, Pechada!

3 comentários:

  1. Ela é caracterizada pelos sutaques que o Brasil possui em cada Estado do Brasil.Em cada região do país tem um sutaque diferente é isso não significa que esteja errado a palavra.
    Fabrício Levino 1003

    ResponderExcluir
  2. A crônica fala sobre um assunto do nosso cotidiano,no Brasil as regiões tem sotaques diferentes e o autor usou esse assunto para mostra que isso não significa que a pessoa está falando errado

    Joyce Amaro 1003

    ResponderExcluir
  3. A crÔnica fala a respeito de um assunto que acontece, pesooas de outras regiões que falam difernte e de outras formas, e mostra pessoas que nao entende, mais naõ que dizer que essa pessoas fala errado. aluna:BÀrbara soares 1003

    ResponderExcluir

O que você achou dessa postagem? Participe!